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a cÂmErA Do OlhAr


 
O moço bonito pensava com os olhos e o seu olhar encantou a MeninaFlor... Naquele pátio de culto a imagem não havia visualidade mais bela que os seus olhos iluminados e deslumbrantemente fortes... Não sabia como, mas queria aquele olhar de câmera mirando-a sem ângulo definido e com lentes especiais... Desejava ver-se refletida naquele glóbulo ocular em diferentes takes... Os dias passavam e a MeninaFlor filmava o moço bonito em sua retina... Imaginou-se com ele numa cena de corpos dirigida pelo vento quente do bem querer... A língua não falada os aproximou... foi um diálogo de gestos, toques e miragens...Para ela pouco importava a incomunicabilidade oral... oralmente, poderiam comunicar-se de outras formas... Quanto mais ficava perto do moço bonito tinha vontade de descobrir o gosto do seu beijo, o cheiro do seu pescoço, como seria os seus gemidos quando ela sugasse os seus mamilos, ansiava pelas mãos dele firmes e suaves deslizando sobre seu corpo ... queria tê-lo mexendo intensamente dentro dela, isso era fato consumado no mackin-off da sua imaginação... Como a timidez é algo que não lhe pertence, ela não exitou em buscar aquele olhar gravado nas suas lembranças imagéticas... Construiu e viveu afetivamente um curta-ficção/concreto com o moço bonito... Porém, percebeu que tinha de colocar um fim naquele roteiro de fragmentos inacabados... a câmera do olhar tornou-se uma peça musealizada com apreço no museu da saudade.

(Violeta Serena)
Lisboa, 03/11/2015
Para o moço cinematográfico que encantou-me…

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