eTNoGRaFiaS pOÉtIcAs dE MiM

Caminho na cidade à procura de imagens desconvencionais  significantes da minha existência... Tenho necessidade do real no irreal da realidade citadina... Na rua, olho as pessoas, mas, elas em si não interessam-me. São as suas paisagens corporais que seduzem-me... Esses corpos que dão forma e sentido as paisagens urbanas que me cercam... Olho... observo... enxergo... sinto... toco... beijo... cheiro... quero mais... quero sempre mais a plenitude das imagens no cenário de pedra e cal... E nessas andanças de perdição e salvação deparo-me com a solidão rosaceae...eram apenas três rosas ligadas entre si e desconectadas do cinza arquitetônico... Arrebato-me facilmente pela beleza e delicadeza das flores... naquele momento partilho com elas o meu estado de solidão e solitude... Eu e elas estávamos sós na pequena imensidão urbana... Violeta Serena Lisboa, 22 de maio de 2016 Imagem capturada por Violeta Serena Bairro da Graça.

Estava com  falta  de você... Os olhares não cruzavam-se... Nossas mãos estavam recolhidas em conchas de águas doces e não tocavam-se... Tu enxergavas-me e me ocultava... Eu via-te com  miragens de fúria e seguia sem olhar para trás... A indiferença transformou-se numa melodia clássica de mim para si e de si para mim... Ao contrário do poema do Drummond não "havia uma pedra no meio do caminho"... e sim, um copO...  Um copO entre eu e você... Um copO de plástico... feio... sem ornamentos... sem vida humana vivificando-o...  sem glamour... simplesmente descartáveL ... Recipiente no qual o doce licor de amêndoas amargas aguardava por mais um gole de alívio imediato... Veja só caro meu...  aquele copO tão insignificante... insípido... incolor...  quase imperceptível... restabeleceu o nosso contato de ternura... Equívoco de um lado... mágoa do outro... e a comunicação tão glorificada em nossos tempos contemporâneos de  efemeridades cedeu espaço para o SilênciO ruidosamente ensurd