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Mostrando postagens de março, 2018

eXiSTo!

existo no invisível ato do átomo… existo na singela fresta que resta… existo na inebriante cor da dor… existo no dilacerante medo do desespero… existo na nefasta ciência da indecência… existo na suave brandura de ternura... existo no recôndito calor do amor… Violeta Serena Belém, 31 de março de 2018

nUvEns D'áGua

as nuvens d’água deixam o céu cinzento amedrontam os olhos anoitecem o dia agitam as folhas aceleram o vento num sincrônico baile passageiro… as nuvens d’água renascem a cada dia embalando o tempo das águas…   Violeta Serena Belém, 30 de março de 2018 Foto: luZgomeS

dÉbItO PRoFuNDo

descrédito em débito profundo na descrença sobre mim… sempre soube da vigilância constante dos buchicos de corredores na torcida para as falhas na vontade da cobrança desmedida… mas eu creio em mim e nas Yabás do meu Ori… creio na minha capacidade de escrita porque escrevo para alimentar a mim mesma… creio na intelectualidade ancestral reverberando em meu corpo negro… creio no amor as minhas crenças  num mundo humanizado na dor… Violeta Serena Belém, 29 de março de 2018

eNCRuZiLHaDaS dO tEmpO

acordei suspirando ares de saudade… na intensa manhã de lembranças não inventariadas no museu de mim… olhei as águas do rio em contato íntimo com as gotas da chuva lavando as querelas de uma passado qualquer… rostos sem faces povoavam a minha imaginação no instante delicado de contemplação das folhas verdes exalando cheiro de mato… caminhei entre vielas tropeçando nas possas de mágoas despachadas nas encruzilhadas do tempo… Violeta Serena Belém, 29 de março de 2018

gOtAs dE DeSeJo

passei o dia colhendo gotas secas de lembranças no deserto da minha memória… desatinada no outono de mangueiras verdes vislumbrava uma copa de vinho acompanhando o jantar de peixe de rio… bailei com você num terraço mirando a cidade somando desejo e saudade… Violeta Serena Belém, 26 de março de 2018

lIngUAgEm DoS pÁssArOS

a sinfonia matutina dos pássaros invade os poros abertos da minha alma… desenho canções em meu corpo de acordo as linhas letradas dos pássaros… os pássaros voam em direção a Baía de rios e eu fico ali imaginando os cânticos dos cânticos daquele encontro entre pássaros, urubus e garças à beira do cais de pedra… Violeta Serena Belém, 25 de março de 2018

mEU VeRSo

meu verso desrima na rima da vida de poesia ritmada… meu verso fala da mulher silenciosa no instante que se cala… meu verso ama a existência de mim nos fragmentos do nada… Violeta Serena Belém, 24 de março de 2018

é PreCiSo sAngrAr…

amanheço esperando o sangue jorrar entre minhas pernas meus seios de tão pequenos estão grandes anunciando que preciso sangrar sinto-me pesada… cansada… irritada… imploro as deusas pelo sangramento da vida e nesta sexta-feira de Oxalá não vestirei branco e vou por aí de vermelho-sangue… Belém, 23 de março de 2018 Violeta Serena

aMaReLo-rOsÉ

o dia ilumina minha manhã de sombras… a janela de imagens embaçadas abre frestas para os fios de sol adentrarem o quarto amarelo-rosé… divagando entre imagens, luzes e sombras espreito a vida em câmera lenta pelas lentes da minha retina… Violeta Serena Belém, 22 de março de 2018.

hÁ!...

há um oco cheio dentro de mim espetando as carências de libertação... há um vazio repleto de angústias acasalando com a serenidade do presente... há uma plenitude no meu sorriso forjada no medo do desamor... há uma frontalidade no meu corpo encorajando o temor de existir... Violeta Serena Belém, 21 de março de 2018.

meu verso

existo no invisível ato do átomo… existo na singela fresta que resta… existo na inebriante cor da dor… existo no dilacerante medo do desespero… existo na nefasta ciência da demência… existo na suave brandura de ternura existo no recôndito calor do amor… Violeta Serena Belém, 19 de março de 2018

mEU cOrpO NeGRo

meu corpo negro de uma hora para outra está: na cama na fama na lama… meu corpo negro se encontra: na vala na lata na faca… meu corpo negro muitas vezes só quer: calor pudor amor… Violeta Serena Belém, 17 de março de 2018

hOrIzOntE d'ÁgUA

                                            as águas barrentas da baía desaguam nas correntes da saudade… os barcos além-rio transitam nas lembranças do meu eu divagando em algum cais de pedra… as fronteiras do meu imaginário são atravessadas pela finitude das minhas memórias marinhas… sem olhar para trás miro o horizonte das águas na margem do asfalto… Violeta Serena Belém, 16 de março de 2018.

vErbOs de dOr

nos sangram nos expoliam nos dissecam nos coisificam nos avaliam nos repudiam nos desamam nos invisibilizam nos ameaçam nos calam nos matam!… Violeta Serena Belém, 16 de março de 2018 Para Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018.

aRoMaS dAs FRuTaS

a chuva chove dentro de mim relâmpagos de nostalgia cruzam o céu da boca vagando em terra plana olho desesperadamente pela janela numa via de sinais aleatórios procuro o teu rosto entre tantas caras desconhecidas mas não te encontro desejo um pedaço de ti em mim dilacero-me de saudade as memórias de nós não se vão fico aqui esperando-te acompanhada dos aromas das frutas Violeta Serena Belém, 14 de março de 2018