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Mostrando postagens de novembro, 2018

mAr

o mar: minha pétala de movimento... minha perfeição impetuosa... minha violência fluida... minha nostalgia do tempo presente... minha contemplação constante... minha desconfiança terna... minha ancestralidade dolorosa... meu mistério mais profundo... meu pavor efêmero... meu vazio do mundo... meu colo da mãe d'água...  Violeta Serena Natal, 18/11/2018 

eSCReVo pArA MiM

a minha poesia sou eu enveredando por caminhos meus… a minha poesia ginga mas nem sempre rima… a minha poesia é das flores meus amores-perfeitos exalando cores… a minha poesia é séria quando chora o pranto da miséria… a minha poesia é de encanto aconchegada no colo do acalanto… a minha poesia não é metódica no entanto, dança na lógica… a minha poesia é de vestido carmim e eu a escrevo para mim… Violeta Serena Natal, 21/11/2018

sOU

hoje sou: a mulher segura de mim…  a mulher terna de mim…  a mulher respeitada por mim…  a mulher senhora de mim…  a mulher companheira de mim a mulher amada por mim… Violeta Serena Natal, 21/11/2018

dIsrItmIA

a poesia: ía à sombra da maresia ventilando as ondas das letras transpassando os arames farpados da rima perfurando a métrica das palavras de ira dissolvendo as águas de esquecimento da vida em voz lírica de disritmia… Violeta Serena Natal, 21/11/2018

cOrAjOsA-MeDRoSa

não sou corajosa o tempo todo às vezes, sinto um medo que me encolho há momentos de descoragem em alta outros de pavor em falta aprendi que a coragem é virtude desaprendi que o medo é uma vil desvirtude o medo não me atrofia pois sei, que nem sempre a coragem é uma boa companhia é preciso coragem para assumir o medo porque a descoragem não pode ser um pesadelo tenho medo de ser medrosa mas tenho muita coragem para ser descorajosa preciso gritar em praça pública: - tenho medo de avião! isso não é ficção - tenho coragem de voar! mesmo acreditando que posso desaguar no mar não sou forte nas vinte e quatro horas do meu dia existem horas que sou tão frágil quanto uma vidraçaria medo e coragem dentro de mim se debatem por hora, sigo viagem!!!... Violeta Serena Belém, 17/11/2018

fIssUrAIs ReaiS

fronteiras de incertezas caminham nas estradas da pele dores desaguam nas águas da língua no céu da boca palavras de adiamentos se materializam no inconsciente aprofundando o instante da dúvida [é]  preciso explodir os protocolos teóricos [é]  necessário quebrar a poesia metódica arcando com o ônus da indiferença gozando do bônus da transformação fissuras de realidades dolorosas serão bordadas no bastidor de papel ranhuras de resistência se oporá ao desgaste talvez, num horizonte perdido de um mar qualquer seja possível brindar à sobrevivência da existência...  Violeta Serena,  Belém, 13/11/2018 Para Glória Anzaldúa

vEntO dE CaSa

o vento se esparrama todo pela casa se joga pelas almofadas acaricia os papéis sobre a mesa dá um beijo nos livros brinca com as chamas do fogão traquina com os vidros da janela faz par amoroso com a poeira do asfalto no piso de taco levanta o vestido em plena sala de jantar dança no corpo trazendo o frio de outrora… o vento ausente aos olhos se faz presente por outros sentidos o vento é o encantado precioso no calor húmido da floresta o vento é o elemento invisível movimentando as águas visíveis da maré alta o vento adormece no colo da vitória régia e acorda enroscado nas folhas da mangueira o vento de Oyá agita a casa da menina D’Oxum… o vento causa eventos de frescor espanta a dor desamarra o amor eleva o andor ai! o vento… esse vento de ruas sem asas se tornou o vento de casa… Violeta Serena Belém, 10/11/2018

áSioRieNTaiS

- sabe… chega aqui… preciso te contar um troço!: … inebriada pela poética humana passo horas vendo imagens de outras partes do mundo… são momentos de encontro com meus outros eus perdidos na matéria do tempo… sinto uma enorme curiosidade por tudo que me é humano, especialmente por aquelas pessoas aparentemente tão diferentes de mim… ao mesmo tempo, vendo essas tantas outras gentes, retorno a mim… olho para o meu umbigo, circulo ao redor dele e corto o cordão umbi lical com as raízes das árvores estáticas do meu lugar… nessas minhas digressões fílmicas nas quais sinto-me livre na plenitude desse meu eu só meu… irrevelado a olho nu… deparo-me com as narrativas dos amores ásiorentais… amor sem final feliz… amor sem beijos na boca… amor sem sexo avassalador… amor sem corpos nus, mas totalmente despido da moral egóica… amor sem recompensa em tempos de guerra sem cólera… amor de companhia na tessitura da morte certa… amor de vida tecido nas paisagens verdes de águas cristalinas nevada

sUspIrO Do AmAnhEcEr

o quarto inundado com o suspiro do amanhecer revela a preguiça de encarar o mundo em tempo real com: a comida por fazer os sonhos desfeitos as contas para pagar os amores inexistentes as frustrações presentes a roupa para colocar na máquina de lavar a louça para enxugar os livros não lidos as viagens não feitas as trepadas sem gozo os trabalhos de merda a covardia de encarar a feiúra interna à apatia em não lutar pela beleza na terra enfim… uma infinidade sem fim de coisas ruins cercando nossa mentes e corpos nos transformando em humanos destroços enquando vemos o mundo pelo ecrã com muito afã somos tod@s bestas não pop sem ninguém que nos console… Violeta Serena Belém, 10/11/2018