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uMa SaíDa qUE mE SiRVa




fogos… rojões… sardinhas… fumaças… manjericos… bandeiras coloridas… laços de fitas amarelas, verdes e vermelhas… cheiros cheirando à Lisboa… e eu ali revisitando roteiros passados na tentativa de materializar o meu futuro e lembrando que a Nadine Gordimer já disse: “o melhor tempo é o presente”… o que se passa comigo? aquele presente me entristecia… as lembranças daquele ontem intempestivo me angustiava… o porvir não será aqui e as lágrimas rolaram pela minha face ao ritmo de uma melodia pimbalina… o cenário cinematográfico de outrora continua intocável… mas eu não sou mais a mesma… ousei passar na porta do Querubim Cândido e ele não estava lá… queria lhe dizer que no dia anterior tinha visto e ouvido uma poeta que falava do amor… da vida… e da morte… e que nesse tempo de indiferenças de ti e de mim aprendi que não há um único amor nessa vida… isso eu aprendi, Querubim! … aprendi que desconstruímos amores que não nos fazem bem… e o amor que não faz bem é o que não tem recíproca… como foi o nosso caso jogado ao descaso… amar pelos dois como canta o Salvador sem salvação: não existe!... queria lhe falar que eu nunca achei que morreria de amor… mas a loucura desamorosa senti de perto… inclusive, ao ser abandonada por ti numa praça  qualquer em noite de inverno seco que racha os lábios de coração partido… naquele dia entendi que precisava reinventar a minha forma de amar ou enlouqueceria. sabe, agora namoro um Cravo da Margem Sul e ele acusa-me de desromântica… sei lá o que é romantismo pra ele… eu só posso dizer-lhe o seguinte: mais do que ser romântica, eu acredito no aMoR sEmprE!... e preciso demasiadamente de aMoR porque sei amar… Presa nesse diálogo inexistente no monólogo concreto da minha imaginação desço as ruas de Alfama numa noite de Festas dos Santos procurando alguma saída que me sirva…

Violeta Serena
Lisboa, 18 de Junho de 2017.

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