caminhando sobre as agulhas das minhas memórias espetei
dolorosamente os meus sentimentos semi-cicatrizados… em algum lugar desse órgão
irracional chamado cérebro tem alguma coisa que não funciona racionalmente…
tico e teco não dialogam com a vida vivida… sabe, ao saber que ele já tinha
outra e tantas outras, assim como já tenho outro e tive tantos outros depois
dele, fiquei abalada!… o preterimento do passado reverberou no meu corpo do
presente… dei-me conta que não estou sentindo uma dor de amor… porque o amor
entre nós nunca existiu… as juras de amor que ele me fez, foram apenas desonestidade
poética… antes de atravessar o atlântico devotei toda a fé que não trago em mim
no amor que ele dizia sentir por mim… queria ser amada! e ele segurava na minha
mão… dava-me a maior prova de amor que um homem pode me ofertar: caminhar de
mãos dadas comigo! parece tão pouco, né? mas para mim é muito! equivale a um eu
te amo ou um amo-te… naquele cais do porto acreditei que viveria com ele um
romance de cinema… tinha certeza que na ficção real das nossas vidas, nossos
corpos entrelaçados atirados de um penhasco bailariam no ar sem medo do impacto
na terra… tudo não passava de um roteiro vil com argumento sórdido e
direção mórbida… Eduardo David de Oliveira; Dú Oliveira ou simplesmente Edu, como sempre
te chamei, preciso te dizer o seguinte: o
que me dilacera ainda hoje é o preterimento com o qual você me presenteou… a
rejeição que sempre tiveste capacidade de materializar nas páginas diárias de
mim… a sua indiferença as minhas conquistas… o teu silêncio a cada telefonema e
aos e-mails que te escrevi… a sua negação em me rotular de namorada-esposa… sempre
quis ser tua mulher porque para mim eras o meu homem e tu sabias disso… custei
compreender que para você eu fui apenas um pedaço de carne barato… um buraco
para enfiares o teu pau e gozares no meu ventre de afeto… ao longe, percebi o
teu joguinho barato de hominho que joga as mulheres umas contra as outras… e eu
muitas vezes caí nele… mas saiba que pedi perdão a ela! porque a mulher que sou
hoje não ficaria em paz com as perversidades mesquinhas que cometi em nome do suposto amor que eu acreditava que
não me ofertavas plenamente por conta dela… tu não és um homem especial… não és
um poeta honesto… teu corpo não é digno de receber os meus ancestrais… Exu é
amor, aconchego e liberdade nas ruas de
Tempo… Oxum é a beleza mais bela que pode existir em qualquer água, seja no Rio
Paraguçu ou no Rio Tejo… e Oxalá é o alá que nos cobre protetoramente das
perversidades mundanas… você não está à altura deles e nem dela… tua matéria é
suja… não há limpeza e nem sacudimento que limpe a tua manipulação desamorosa disfarçada de amor… o teu
palavreado bonito no mundo letrado não passa de sermão pregado no altar sacro
em dessacralização na academia inorgânica. a Bahia te deu palco, e talvez, “régua
e compasso”, mas nunca serás dela como eu sou!!!... entrego-te a lama dos pântanos
da Nanã que habita em mim!!! Receba!!!
Violeta Serena
Para Eduardo David de Oliveira
Para Eduardo David de Oliveira
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