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dEUs-DaRá CaBeLo prEtO a PauLa!?

l á, longe de tudo… afastada do mundo virtual… e imersa no mundo de sol e águas salgadas, observei tudo à minha volta!... o calor me transportava à Amazônia e ao Cerrado Brasileiro… entre a braveza do mar aberto e a calmaria da lagoa, ousei banhar-me nas águas frias dessa outra margem… confesso que foi um ato de fé e de amor… ele fitou-me nos olhos, segurou nas minhas mãos e disse-me: vem! confia!... e apesar da minha crônica desconfiança das águas desconhecidas tomei banho de sal grosso (ou fino) concentrado e aliviei as angústias dilacerantes do meu coração nos últimos dias… aquela lagoa escura, remetia-me a «Lenda do Abaeté» do Caymmi e eu fiquei cantarolando dentro de mim: “no Abaeté tem uma lagoa escura, arrodeada de areia branca…” caminhando sem destino nas ruas da Vila sem gente, deslumbrava-me com as formas e cores das flores ao cair da tarde de veraneio… sabe, acho que o que sinto pelas flores não é amor incondicional… mas sim… uma estranha, compulsiva e irrestrita obsessão...

sExtA

hoje é sexta-feira na minha terra é dia de Oxalá dia de vestirmos roupas brancas bater a cabeça nas escadarias do Bonfim e não comermos azeite de dendê mas há quem coma óleo de palma em dia de sexta… mas já fazem muitas sextas-feiras que estou aqui no lado de cá do atlântico e nessa sexta julina de veraneio no alto dessa cova descovada vamos ter mais um encontro com as imagens em movimentos... e nesses bailes imagéticos bailamos negramente e vamos encontrando: ... línguas... rostos... mãos... pés...  sons... flores... cores... dores... amores... Violeta Serena Lisboa, 28 de julho de 2017.

frAsE dE TeLeMóVeL

vou te dizer: não gosto da tua foto de capa que trazes belamente no ecrã do teu telemóvel… frases de efeitos não me comovem… fuga do pensar nesse mundo belo e cruel é devaneio… eu penso… eu existo… eu sinto… sinto com o meu útero… com o meu coração… e com o meu cérebro… penso com o meu corpo e a minha alma… me mostro nas palavras sagradas da poesia e vejo tudo com olhos de amor… amanhecendo em dia de verão com paisagem de inverno… Violeta Serena Lisboa, 25 de Junho de 2017

uMa SaíDa qUE mE SiRVa

f ogos… rojões… sardinhas… fumaças… manjericos… bandeiras coloridas… laços de fitas amarelas, verdes e vermelhas… cheiros cheirando à Lisboa… e eu ali revisitando roteiros passados na tentativa de materializar o meu futuro e lembrando que a Nadine Gordimer já disse: “o melhor tempo é o presente”… o que se passa comigo? aquele presente me entristecia… as lembranças daquele ontem intempestivo me angustiava… o porvir não será aqui e as lágrimas rolaram pela minha face ao ritmo de uma melodia pimbalina… o cenário cinematográfico de outrora continua intocável… mas eu não sou mais a mesma… ousei passar na porta do Querubim Cândido e ele não estava lá… queria lhe dizer que no dia anterior tinha visto e ouvido uma poeta que falava do amor… da vida… e da morte… e que nesse tempo de indiferenças de ti e de mim aprendi que não há um único amor nessa vida… isso eu aprendi, Querubim! … aprendi que desconstruímos amores que não nos fazem bem… e o amor que não faz bem é o que não tem recíproca…...

eSPeLHo. TeXTo. vOz. EscUtA.

Espelho... Texto... Voz... Escuta... Imagens não-nossas de cada dia... Falas inaudíveis cotidianamente... Invisíveis nas vitrines da cidade... Espelho... Texto... Voz... Escuta... Escritas desconsideradas... Corpos marcados em fragmentos... Antítese do belo no interior do cubo branco... Espelho... Texto... Voz... Escuta... Existência na desistência do existir... Coragem no âmago da dor... Amor nos ruídos do silêncio... Espelho... Texto... Voz... Escuta... Violeta Serena,  Lisboa, 15 de janeiro de 2017

flOrEs dE PeNHaSCo...

Era eu e um penhasco Era eu... você... e um penhasco... Éramos nós e um penhasco... Águas azuis cintilando no penhasco... Medo infinito da amplidão das águas vistas do penhasco... Achei que o penhasco te levaria de mim... As águas cristalinas trouxeram-te do penhasco... E aí eu vi flores amarelas no penhasco... Registrei as flores amarelas na beira do penhasco... Eu fitava você ao longe fitando o infinito no penhasco... Ver-te iluminava o meu olhar imerso ao medo do penhasco... Abracei-te no penhasco... Por não saber dizer-te: eu tenho medo do penhasco!... Aliás, eu tenho tantos outros medos escondidos nos penhascos de mim!... Violeta Serena Lisboa, 20 de fevereiro de 2017

pOEtIsAndO A auSêNCia

Numa tarde de sexta-feira chuvosa e fria nessa Lisboa de jeito nenhum sem ti, ouço Paulo Flores... O ritmo do semba aquece o meu coração pulsante de inquietações... Arrumo a minha casa, toco carinhosamente as minhas coisas e por dentro vou organizando as minhas emoções mais íntimas... Não medito... Não faço orações... Não pratico nenhuma religião... Me refugio nas artes que me descentra e me centra em mim mesma nesse mundo que me cerca. Fico tentando ler o seu silêncio, mas, dou-me conta que o teu silêncio é seu... Sorrio dos roteiros imaginários das minhas sensações... Brinco com a minha boneca, ouvinte silenciosa dos meus sonhos secretos... E assim, vou poetisando a sua ausência... Violeta Serena Lisboa, 27 de janeiro de 2017