eTNoGRaFiaS pOÉtIcAs dE MiM

hoje sou só saudade! lembranças de terras além-mar inundam os meus poros abertos vertendo águas nostálgicas pelos olhos da face disforme… visualidades de andanças entre baixos, chiados e altos caminham pela minhas memórias do presente sons de Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique dançam no meu corpo desritmado à beira do rio… sinto falta da solitude nos percursos de ruas sem destino final na companhia de mim, vago pelos imaginários de tempos sobrepostos nas paredes seculares escutando poesias das Ilhas do Príncipe… fecho os olhos e aparece-me rostos… corpos… vozes.. com trejeitos e sotaques distintos acariciando-me no olho do furacão tropical sonhando acordada estou dentro de um comboio para margem sul dou um beijo no meu amor e regresso em outro comboio para a linha de Sintra subo para o alto da Cova como peixe frito acompanhado de um coelhada e num bar de coqueiros danço funaná sem abrir mão do semba… de repente,...

a política provoca a minha ira nos últimos dias… [é] um suor nas mãos uma inquietação uma sofreguidão bate a desolação… falsos profetas vendem retalhos de insensatez para tecer a colcha da estupidez… sinto uma ânsia quando vejo tanta ganância… políticos sem dignidade alguma com seus seguidores aberradores violam a beleza das flores… entre danos… ganhos… desencantos e cantos… sonho com a democracia quero tê-la em fantasia para desfilar no carnaval da vida… Violeta Serena Belém, 08/10/2018

num regresso a casa apreciei a quietude da água almejando ser uma Mr. Sunshine no fim da tarde… sem muito frio entreguei-me a um um raio de sol bailando em ritmo lírico a melodia do girasol colhi flores filosóficas em dias graves admirando a coragem na terra em que se nasce desfiei a linha que tece o amor que não esvanece alcancei as trilhas do amor egoísta em partida para a estação do amor altruísta caminhando por calçadas nevadas me deparei com a morte ao vento à procura da sorte em desalento para minha surpresa a morte era: bonita… rica…descontraída… iluminada… encantada… desejada… ela me disse que é um processo em percurso abarcando tudo… mirando a morte sorri para a vida porque hoje é dia de vestir a fantasia da Mr. Sunshine no regresso a casa apreciando a paz na quietude da água...   Violeta Serena Belém, 08/10/2018 Para os filmes «Regresso a Casa» (Zangh Yimou); «Quietude da Água» (Naomi ...

meu bebê: não vejo a hora de você está aqui dentro de mim [e] em mim… essa distância urgente entre nós despertou em mim um amor veloz uma amor alado que atravessa os rios e mares de barco… você me ensinou a amar com tranquilidade e felicidade com segurança e confiança com quietude e amplitude com leveza e singeleza sou tão tua e ao mesmo tempo tão minha acho que você nem imagina não tenho olhos para outros homens você é o meu homem que me come me beija [e] me aceita às vezes sem ti fico numa agonia sem fim choro no travesseiro lágrimas de desespero conto os dias para cair nos teus braços me enroscar em teus abraços ter os teus afagos à passos largos amo-te profundamente amo-te ardentemente amo-te sorridentemente amo-te alegremente apenas quero dizer eu te amo, meu bebê…. Para o Jorge Valadas, meu bebê Belém, 08/10/2018

sempre detestei cerveja nunca fui a mina da breja caipirinha não desce há algo nela que não me aquece caipiroska só se for de tequila mas essa só encontro na Argentina por esses desencontros etílicos encontrei-me com o vinho: … majestoso gostoso elegante delirante acolhedor abrasador… gosto de degustar um bom vinho sem esnobismo vil essas frutas-uvas sem saúva oferta-me líquidos  lascivos à cada gesto incomedido deliro a cada gole a espera do beijo que me acolhe no auge dos meus devaneios vinhescos falo para meu homem: - beba vinho em meu corpo! - lamba ele todo! até se dissipar a última gota de vinho presente em todos meus orifícios-ninhos… Violeta Serena 03/10/2018