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Mostrando postagens de março, 2020

cOmpAnhIA dO VeNTo

o vento adentra as lacunas da tela de proteção  com a sua intensa densidade preenche os espaços vazios  no auge da sua  discreta invisibilidade corporifica-se no meu corpo fazendo-me companhia nesse meu estado de solitude vazia... luZgomeS Belém, 28/03/2020

o TeMPo dOs TeMPoS

o tempo está em suspensão rodando uma  cena fixa de congelamento da vida real... o tempo movimenta-se num set temporal no agora sem prever se haverá amanhã... o tempo ancora-se num porto de desespero a espera de condições temporais para atracar-se num cais de aconchego... o tempo senhor dos tempos baila à procura de uma árvore sagrada de tempo para enraizar outros tempos... Violeta Serena Belém, 26/03/2020

iMPoSSiBiLiDaDe dE PeRDão

acordei sentindo o gosto dos seus beijos inundando os meus lábios de prazer saudades da proteção delicada dos seus braços e abraços desejei o aconchego de acalanto do teu colo vislumbrei andar de mãos dadas com você na esteira do tempo contemplando as águas do mar a tua imagem ainda não desapareceu de mim o toque dos seus dedos ainda marcam a minha pele mas como num filme bergmiano:  entre nós não há possibilidade perdão muito menos ternura para diálogo de acordo amável por isso... sigo aprendendo a desamar você cada vez mais e sempre mais... Violeta Serena Belém, 23/03/2020

aR-vIdA

os poemas fogem eu observo a cena aqui do alto vejo o vazio do asfalto em plena quarentena respiro... expiro... inspiro... ainda tenho ar e vida plena não sei como está sendo o hoje nesse amanhã de muitas quarentenas aqui de cima escuto o vento soprar cheio de rima eu fico atenta porque ainda posso ouvir beleza mesmo estando de quarentena... Violeta Serena Belém, 20 de março de 2020

vIdA dAs PaLaVRaS

tenho poemas imperfeitos  no caos da minha plenitude...  eles divagam na minha cabeça  aquietando o meu coração... a minha ressurreição é na vida das palavras luZgomeS Belém, 13/03/2020

pErfUmEs...

perfumes: são líquidos de vida singularidades de odores exalantes de mãos secretas afagando o meu corpo em tempos perdidos no meu caminhar pelo mundo... luZgomeS Rabatat/Marrocos, 18/02/2020

flOrEs... CoReS... chEIrOs...

a suavidade dos cheiros encarnados na pétala da flor inebria os cânticos incompreendidos lembrados no sentido mais profundo do âmago da beleza... sons de memórias incrustado nas paredes florais construídas por tantos eus desconhecidos de mim se tornam eu pelo encantamento do olhar... do tocar... e do gravar nas minhas emoções musealizantes à deriva no tempo da medina... luZgomeS RABAT/Marrocos, 18/02/2020 fOtO feita por Jorge Valadas em Córdoba/Espanha. 

oLHoS dA LuZ

os olhos perdidos da luz filtraram as lentes de memórias passadas estilhaçadas na solidez do ar... esquecimentos do agora projetaram nos olhos da luz o ambiente desconhecido familiar... em lapsos de instantes  os olhos perdidos da luz gravaram a fugacidade do amanhã... luZgomeS Dakar/Senegal, 05/02/2020 fOtO: Joseania Freitas

cOÁgUlOs dE aBaNDoNo

coágulos de abandono estão incrustados na minha memória... nas minas veias estão correndo líquidos de desespero... meus ossos estão apodrecidos pela incapacidade de morrer... meu coração se infectou com o vírus da desesperança... meu cérebro desejo adormecer num sono sem volta... enquanto meus olhos desejam apenas se fechar para o mundo do desamor... luZgomeS Belém, 13/01/2020

sEmEntE GeRMiNaDoRa

vaguei pelas ruas à procura de uma bala perdida que perfurasse a minha dor ofertando-me descanso desse planeta que não explode desconsiderando a profecia de Melancolia... encarei os sinais abertos nas encruzilhadas de Exu esperando que um Encantado passasse por cima de mim na velocidade do cometa sem nome... invejando a Macabéia queria um palco no asfalto para plantar a minha flor cinza nas pedras de alívio desejei que o meu cérebro esfacelado sem possibilidade de restauração se transformasse em semente germinadora do mistério da morte luZgomeS Belém, 13/01/2020