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Mostrando postagens de setembro, 2018

#eLeNão

#eLeNão porque na contramão  da desilusão ainda há solução... #eLeNão porque nesse país imperfeito todo sem jeito ainda existe respeito... #eLeNão porque o racismo... o machismo... a lgbtofobia... a transfobia... nos mata todos os dias #eLeNão porque política se discute [e] o facismo não passará impune... Violeta Serena Belém, 29/09/2018 Dia Histórico do #eLeNão

é PReCiSo chOrAr!

é preciso chorar a dor: do desamor do racismo do machismo do rancor... às vezes, tenho medo que as sistemáticas práticas racistas-machistas sequem as minhas lágrimas de rapariga... todo dia tô na trincheira sem bobeira encarando o fronte da desnaturalização da opressão que nos estraçallha sem perdão... muitas vezes digo a mim mesma: - não vou chorar! mas depois falo em voz alta:  - vá se danar! eu vou lacrimejar eu vou gritar eu vou xingar eu vou brigar... porque dói... corrói... destrói... morro por dentro e sem consolo a cada homem negro morto a cada mulher negra  abusada, ultrajada e humilhada a cada criança negra assassinada...  desisti da felicidade plena ela é uma imagem de cinema fora da tela  a vida  nem sempre é bela queria transformar isso tudo viver em outro mundo sem meu corpo negro  ser estatística para tudo mas sem o  poder de mudar esse absurdo por hora, eu LUTO! Violeta Serena Belém, 29/09/2018

nÃO é FáCiL!

não é fácil ser: poeta bela liberta  singela... não é fácil ser: mulher  negra estrela imperfeita... não é fácil ser: docente indecente carente combatente... não é fácil ser: amorosa desastrosa corajosa vaidosa... não é  fácil ser: a mulher que quero ser nessa existência do meu viver [e] escrever sobre o que toca o âmago do meu ser... Violeta Serena Belém, 29/09/2018 Pintura: João Cirilo

aMoR

pra que falar de amor em tempos de vulnerabilidades amorosas? por que escrever sobre o amor em tempos de cólera? simplesmente, porque não acredito em amores líquidos… amor para mim é ato-ação… prática tangível nessa desastrada vida de seres humanos inacabados… ficção-real no sopro da presentificação física e psíquica… despacho o desamor na encruzilhada do esquecimento… existo na plenitude dos mares de amores palpáveis! … o amor é o mais concreto objeto efêmero musealizado no museu do meu eu… … através do meu corpo negramente feministo sei o que é o «desamor» mas tenho uma crença incondicional no amor pelas pessoas e entre as pessoas… creio no amor à vida e ao mundo… amo insandecidamente a poesia… essas palavras que tomam todo meu corpo e me faz existir… amor e poesia para mim são sinônimos em modos imperativos de tempo presente! … quero lhes falar que talvez, a poesia seja o meu ato de fé e o amor a religião que pratico… em tempos desamorosos e temerosos, faço votos que o amor flor

eNTRaNHaS Do Meu vEnrtrE

acordei com saudades de você mergulhando nas entranhas do meu ventre no amanhecer sinto falta da sua lambida no meu sovaco de sentir sua língua acariciando os meus pequenos-grandes lábios o de cima e o de baixo queria as suas mãos no meu dorso tendo o seu peito de recosto para beijar todo o seu rosto imaginei-te aqui junto a mim se perdendo e se encontrando nas minhas águas de desejos sem fim… Violeta Serena Belém, 28/09/2018

mUsEU-PaLáCio

as labaredas sem chance de defesa rasgou a entranha frontal de pedra e cal consumiu as estruturas engoliu as coisas cruas chamas de desespero bailaram em desassossego desvelou o hidrante de fachada deixou as nossas caras inchadas a beleza do fogo de Xangô aos pés das musas brincou zombando da cara do imperador não sei em que tempo se conjuga a memória mas sei que ela tem história o museu-palácio foi incendiado pelo acaso do descaso sem cinzas da fênix nesse inconstante presente [e] sem conclusão uma nação clama por razão às vesperas de uma temerosa eleição… Violeta Serena Belém, 23/09/2018 Para os escombros e memórias do Museu Nacional…

cIcAtrIz Vã

naveguei no vazio do amor espetei-me no espinho do desamor tateei a concretude do afeto volúvel escorrendo no vácuo da   minha mão solúvel no desejo insaciável de ser amada fui estilhaçada lâminas de desprezo cortaram todo o meu apreço rastejei feiamente indigna sem a nobreza da lagartixa escalei muros, prédios, torres, nuvens de algodão me espatifei no chão recontrui os caquinhos de nada na ilusão de ser amparada fui a outra na esperança vã de ser todas chorei lágrimas de solidão entre as certezas da indecisão parei no divã buscando construir emoções sãs exilei-me em mim mesma na tentativa de encontrar equilíbrio na singeleza sobre o ombro do tempo achei alento olhando-me por dentro descobri vários adendos hoje, costurei cada cicatriz porque almejo ser feliz… Violeta Serena Belém, 22/09/2018 Foto: Virginia Yunes

sÓ PaRa vOcÊ, Meu AmOr

são para ti todos os meus versos de amor sem dor passei dias… meses… anos… à procura desse encanto espreitava o afeto entre as frestas de uma sombria janela na penumbra vazia apareceste em doce fantasia recuei acuada por medo de ser despedaçada a sua mão entrelaçou a minha enquanto a música da america latina era rainha tu fostes meu guia nesse caminho desconhecido da companhia era tudo esquisito mas não precisei fazer sacrifícios gosto de sorrir para ti porque o desejo está em mim hoje quero te dizer que me tatuei em você amanhã, no raiar do dia escreverei outras poesias serão poemas de amor só para você, meu amor… Violeta Serena Belém, 21/09/2018

dEsAmOrOsOS

esqueci os amores desamorosos nas ruas dos estragos escrevendo na página diária do tempo… esqueci os amores desamorosos nas encruzilhadas das memórias contemplando ao longe o nada… esqueci os amores desamorosos na fugacidade das palavras poéticas despoetizadas dialogando com o vazio… esqueci os amores desamorosos na quietude das águas em constante inquietude… esqueci os amores desamorosos na partícula da areia em deslocamento pelo vento arredio… esqueci os amores desamorosos na estranheza do dia nublado em momento de partida… esqueci os amores desamorosos na construção cotidiana do amor amoroso por mim… Violeta Serena Salvador, 19/09/2018

rEcÔnvAvO

voltei a mim! mirando arquiteturas paradas no tempo… voltei a mim! adentrando ao útero da terra que me pariu… voltei a mim! atravessando a ponte suspensa sobre Paraguaçú… voltei a mim! escutando os tambores silenciosos despachados em cada esquina… voltei a mim! penetrando um pouso de palavras perdidas… voltei a mim! na coragem inquieta de aceitação do medo… voltei a mim! gravando na minha retina a densidade das águas seculares… voltei a mim! nas memórias esquecidas do Recôncavo que mora em mim… Violeta Serena Salvador, 17/09/2018

fUgA

a fuga vicia acomoda incomoda… a fuga encarcera cerca revela… a fuga destrói corrói dói… a fuga almeja enseja incerteza… Violeta Serena Salvador, 17/09/2018