Pular para o conteúdo principal

a DiSTâNCia prEsEntE



Cá estava sentada num café qualquer da Lisótima Iluminada numa companhia amiga-amável e ao mesmo tempo perdida em minhas lembranças dissonantes, mirando aquela praça que bué se parece com tantas outras praças conhecidas… E de repente, ele passa candidamente… cruza os desenhos das encruzilhadas cravados no chão em direção ao rio-mar… Eu fico ali parada admirando-o ao longe, sem pernas para andar e correndo em alta-velocidade nos meus pensamentos para me lançar em seus braços que um dia me aconchegou… adormecer no seu peito ouvindo seu coração pulsar… acariciar os seus caracóis que tanto gostava de cheirar e fazer cafuné… sentir o gosto dos seus lábios colados nos meus… e olhar nos seus olhos para lhe dizer o que sempre dizia: és tão lindo!… Era uma distância presente… uma distância urgente… uma distância de saudade… uma distância de desejo… uma distância de amor… Levemente sigo seus passos e o vejo se transformando em som… aquele som que nos aproximou… aquele som que é da África que trago em meu corpo… fico melancólica ao perceber que aquela melodia não é mais de aproximação e sim, de uma memória afetiva do presente… vou ao encontro das águas azuis tentando fugir daquelas notas que vibram intensamente na minha alma… mas, as notas estão distantemente presente e eu apenas queria que ele tivesse bailando dentro mim… e ele mirando-me, se foi com o vento das encruzilhadas…


(Violeta Serena)
Lisboa, 11 de dezembro de 2015
Para o Querubim Cândido, mesmo a distância…

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

bUcEtA-FLoR

pousa a mão na minha buceta  acariciando os pequenos e grandes lábios em forma de  flor desabrochando  entre os seus dedos à espera dos seus lábios...  beija todas as terminações nervosas da  minha buceta  fazendo poesia terna com a sua língua nas paredes úmidas abrigantes do meu ponto [G] de amor...  cheira toda à extensão da minha buceta, como se fosse pétalas de mistério, respira os segredos de mim guardados no meio das minhas pernas para ti...  Violeta Serena Florianopólis, 29/12/2018 Foto: Maíra Zenun

cInzA eM SaLVaDoR

lendo o som do vento...  vou caminhando pelas trilhas d’águas das ruas quase desertas...  sentindo cada pedacinho  do meu corpo negro  espraiando-se na paisagem...  uma imagem secular   de homens negros pescando  sobre uma pedra  encanta o meu olhar...  o sol se esconde calorosamente  por trás das nuvens...  o Seu Mateus Aleluia cantou:  “na linha do horizonte tem um fundo cinza”...  é um dia nublado em Salvador  [e]  sigo caminhando pela cidade   encontrando a poesia  nos detalhes… luZgomeS Salvador, 19/02/2024

eNCRuZiLHaDa dA prAçA

nos dias de carnaval  te observei para na praça do monumento  ter a sorte grande de te encontrar  naveguei por horas  no desejo do teu olhar propositadamente deixava  meu corpo roçar no teu fantasiando acariciar  os poros da tua pele tomada pela vontade de você  molhei meus lábios no rio doce da tua boca a encruzilhada abriu os caminhos para os nossos passos na noite andando lado a lado entrelaçamos  os dedos das mãos  com a intimidade do agora pousamos no teu ninho  um cenário de imagens, palavras e luzes despertou o meu interesse em te enxergar para além  do que via  mirando a cidade do alto preparei o meu corpo para te receber no interior do meu ventre ao ter você dentro de mim gozei: com a leveza…  com a ternura…  com a sedução… com a beleza dos nossos corpos negros nus…  escapando da violência cotidiana  na troca de carinho sincero… luZgomeS Salvador, 17/02/2024 para o moço bonito D’Oxum