Ela perambulava consigo mesma pelas ruas da cidade… entrava e saía
em becos… subia e descia ladeiras… beijava com os olhos as águas azuis do rio-mar…
ouvia os sons ausentes que ressoavam no vento… sentia sob seus pés aquelas pedras
que alguém colocou ali recentemente ou antes mesmo dela existir… tocava as
paredes antigas com suas marcas incrustadas do presente… brilhava
efusivamente com a luz de cada lampião do passado… ela habitava a cidade e a
cidade a habitava… formavam um só corpo enlaçado no tecido colorido do tempo…
conversava com a cidade… sorria para cidade… chorava na cidade… amava
insanamente a cidade, na cidade e as pessoas da cidade… Por isso te digo meu
camarada, para ela, deambulantemente, a cidade nunca está vazia... a presentificação humana independe do corpo físico materializado no espaço…
Violeta
Serena
Lisboa,
16 de janeiro de 2016
Comentários
Postar um comentário