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dEspErtAr SeReNo

Sinto-te tão longe!… sua imagem é quase a silhueta de uma sombra no excesso da luz…  a música torna sua ausência  em lembranças presentes…  danço na noite com o vulto do seu corpo junto ao meu…  caminho por Alfama e sento naquele banco que nós dois sentamos numa noite de verão e fumamos um cigarro de Cabo Verde... tendo o vento como testemunha no meio da conversa você falou:  - tás tão bonita! E eu sorri  me sentindo a mais bela de todas as belas… a sua monstrinha formosa…  Eras tu falando essa frase para mim e não qualquer outro homem com o qual cruzei naquela noite… Olho para o Tejo e ouço você me dizendo: - é aqui que o rio se finda!  Desço a rua do Castelo e vejo a loja do colar vermelho que você me ofertou… acaricio o colar como se tivesse tocando o seu rosto cândido que me encantou desde quando a minha retina fitaram a sua… passo no corpo de outro o óleo de calêndula que me deste de presente... é outra pele… outro cheiro… outro toque… outro gosto… outra textura dos caracóis… outros pés… sento no banco da praça e as minhas vistas ficam nubladas como o céu da cidade… saio de mim para entrar em outra dimensão da minha existência… mas de repente, alguém toca suavemente em meu ombro, desperto serenamente sabendo que não é você…

 

Violeta Serena
Lisboa, 27 de janeiro de 2016

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pousa a mão na minha buceta  acariciando os pequenos e grandes lábios em forma de  flor desabrochando  entre os seus dedos à espera dos seus lábios...  beija todas as terminações nervosas da  minha buceta e faz poesia terna com a sua língua nas paredes úmidas que abrigam o meu ponto [G] de amor...  cheira toda à extensão da minha buceta, como se fosse pétalas de mistério, respira os segredos de mim guardados no meio das minhas pernas para ti...  Violeta Serena Florianopólis, 29/12/2018 Foto: Maíra Zenun

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