Estava com  falta  de você... Os olhares não cruzavam-se... Nossas mãos estavam recolhidas em conchas de águas doces e não tocavam-se... Tu enxergavas-me e me ocultava... Eu via-te com  miragens de fúria e seguia sem olhar para trás... A indiferença transformou-se numa melodia clássica de mim para si e de si para mim... Ao contrário do poema do Drummond não "havia uma pedra no meio do caminho"... e sim, um copO...  Um copO entre eu e você... Um copO de plástico... feio... sem ornamentos... sem vida humana vivificando-o...  sem glamour... simplesmente descartáveL ... Recipiente no qual o doce licor de amêndoas amargas aguardava por mais um gole de alívio imediato... Veja só caro meu...  aquele copO tão insignificante... insípido... incolor...  quase imperceptível... restabeleceu o nosso contato de ternura... Equívoco de um lado... mágoa do outro... e a comunicação tão glorificada em nossos tempos contemporâneos de  efemeridades cedeu espaço para o SilênciO ruidosamente ensurdecedoR...  Nem eu... nem você sabíamos os porquês...! Sei que falamos... mas não sei se dissemos o que queríamos dizer... Esses não-ditos ditos geram crônicas dos ventos nesse inverno de primavera...
Violeta Serena
17 de maio de 2016
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