Palco… música… paisagens corporais… dança… E
eu ali, no baile reverenciando a dança… Sacralizando a poesia… a música… e o
cinema… pois, refugio-me nessas quatro arte-(s)… Lhes conto os meus segredos mais
íntimos… As minhas dores mais profundas… Lhes oferto as alegrias da minha
existência… Contudo, não me iludo… Sei que a-(s) arte-(s) nunca me darão
respostas objetivamente óbvias, muito menos, normativamente lógicas… Mas me
fazem caminhar… Dizem-me qual o caminho segui pelos trilhos dóceis da leveza… Fazem-me
viver em plenitude dentro das limitações da minha liberdade… A-(s) arte-(s)
aconchega-me com toda a intensidade da sua beleza e crueldade… Sabes, te
confidenciarei em off algo jamais dito publicamente: danço por mim e
para mim!… Bailando não enxergo as pessoas a minha volta… Só interessa-me a
música e os músicos… Quando estou envolvida nos movimentos sonoros
reverberantes em meu corpo torno-me egoísta… Não sei entender quem ouve e dança
sem sentir: entendes-me?… E ali, no meio de toda a minha catarse dançante, você
me encontrou… eu encontrei-te… nos encontramos... Gestos de delicadeza na singeleza da flor
vermelha que enfeitava os meus cabelos... E no meio do caminho tinha a luz de
Lisboa… O miradouro com seu ângulo de 360 Cº da cidade… A brisa serena da noite…
Os altos e baixos dos nossos corpos desconhecidos entregando-se ao prazer dos
nossos desejos lascivos… Depois… o caminhar tranquilo no amanhecer sob as luzes
que se apagavam nos candeeiros de brinquedo - cedendo espaço para a majestosa luz solar no
céu azul… E assim... foi eu de mim para você… e fiquei com o encanto desse teatro-laboratório-efémero denominado vida!!!...
Violeta Serena
Lisboa, 15 de junho de 2016
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