hoje acordei louvando o tempo
essa divindade que raramente
desce em terra
queria ser filha do tempo porque
ele se move sem fronteiras
seguindo os ventos…
como a minha cabeça não lhe
pertence
habito as lembranças que o tempo
me oferta
uma amiga de outrora, lá das
margens do paraguaçu
num dia qualquer
recordou-me as cartas de amor que
escrevia em seu lugar
e sem pudor disse-me:
“-invejava a tua inteligência e o
seu gosto pela poesia, não entendia porque você lia tanto”
e eu lhe confessei que me
contorcia de raiva
por ela beijar as bocas que eu
não beijava
e quando escrevia as cartas de
amor que ela solicitava
fantasiava que uma dia seria
beijada e abraçada com amor
e os livros continuam sendo o meu
companheiro fiel
o tempo me deu essa oferenda
para eu lembrar que não fiquei
parada no mesmo lugar
e segui mesmo sem saber aonde
iria chegar!...
Violeta Serena
Lisboa, 07 de novembro de
2017.
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