para quem escrevo? por que escrevo? egocentricamente afirmo que escrevo para mim mesma… escrevo sempre mais e cada vez mais desde que li «A transformação do silêncio em linguagem e ação » da Audre Lorde… entendi que posso exterminar os silêncios criadores dos nódulos de mágoas através das minhas escritas… entendi a liberdade visceral das palavras… não tenho medo de me desnudar em letras de poesia… sinto a plenitude da minha existência escrevendo, porque na escrita sou eu mesma… posso ser a mulher que eu sou traduzida em palavras de poeta: “é pura tempestade abrandada… é carinho em excesso e dureza acertada…” não escrevo para transformar o mundo e sim para transformar a mim mesma e viver um pouco melhor nesse mundo bruto… nesse mundo bagunçado e tão sem jeito… escrevo para aplacar a fúria da dor da humilhação e desumanidade… porque as mazelas da escravidão negra ainda reverberam em corpos negros como o meu, matando nossas crianças a caminho da escola... escrevo para desmantelar nas minhas entranhas o império do patriarcado que reduz o seu poder ao falo, mesmo que não saiba usar... mas gozo para mim vem com língua... dedos... beijos... aconchego e respeito... por isso, entendo quando a outra poeta diz: "adoro pau mole"... escrevo para expor no museu de mim a beleza da vida na singeleza das flores… escrevo porque tenho a necessidade infinita na minha finitude de escrever… seguirei escrevendo para mim nas páginas diárias do mundo…
Violeta Serena
Belém, 23 de junho de 2018
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