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cIcAtrIz Vã


naveguei no vazio do amor
espetei-me no espinho do desamor
tateei a concretude do afeto volúvel
escorrendo no vácuo da  minha mão solúvel
no desejo insaciável de ser amada
fui estilhaçada
lâminas de desprezo
cortaram todo o meu apreço
rastejei feiamente indigna
sem a nobreza da lagartixa
escalei muros, prédios, torres, nuvens de algodão
me espatifei no chão
recontrui os caquinhos de nada
na ilusão de ser amparada
fui a outra
na esperança vã de ser todas
chorei lágrimas de solidão
entre as certezas da indecisão
parei no divã
buscando construir emoções sãs
exilei-me em mim mesma
na tentativa de encontrar
equilíbrio na singeleza
sobre o ombro do tempo
achei alento
olhando-me por dentro
descobri vários adendos
hoje, costurei cada cicatriz
porque almejo ser feliz…

Violeta Serena
Belém, 22/09/2018
Foto: Virginia Yunes

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