às vezes procuro respostas na singeleza de um fragmento folhístico sobre o concreto... a decomposição da folha decompõe o meu olhar sobre o meu corpo... muitas vezes desamado-desgastado-odiado-expropriado-violentado... decompondo a folha na minha retina penso nos resquícios dos vazios que se alastram no interior de mim destruindo o meu corpo-matéria no cotidiano da vida... me fazendo acreditar por muito tempo que não era nada... criando em mim a falsa ilusão de uma vida sem sentido... construindo em algum recôndito do meu âmago o desespero por não ser ninguém... pausei! respirei! e contemplei o mundo ao redor!!!... dei-me conta que a existência inútil me apavora... e esse tal de caminho do meio nunca fez parte do meu meio... excessivamente sempre busquei o verdadeiro sentido da minha existência nesse mundo caótico de descontrário de tudo...hoje sei que tudo que faço é para me salvar desse fantasma do vazio amoroso que ainda não foi exorcizado em mim... descobri que só o amor desmedido e destemido ao mundo é o que me fortalece e me protege da fortaleza vazia que se ergue no interior das minhas vísceras... aprendi a valorizar a ternura do simples embelezando o cotidiano... entendi que nem todos os vazios precisam ser preenchidos porque é preciso espaço vazio para o novo que sempre chega-chegando...
Violeta Serena
São Bernardo do Campo, 26/12/2018
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