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um dia você
perguntou-me:
por que tens tanto medo do abandono?
não respondi-te naquele momento
após mergulhar nas águas internas do meu corpo
preciso te dizer
que sempre senti-me abandonada
não falo do abandono de isolamento social
sinto um abandono profundo de descuidado
um abandono que rasga os frágeis rastros da minha dignidade
por isso, às vezes abandono-me nas encruzilhadas das incertezas
lanço ao abismo do nada com seus rochedos perfurantes
há dias que abandono a minha capacidade da amar
cada poro da minha pele
mas ainda não abandonei a minha esperança
de um dia parar de me abandonar...

Violeta Serena/luZgomeS

31/05/2020

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