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a LiBeRDaDe dO aMoR e dO aMaR


 

a liberdade do amor e do amar... fez-me olhar para dentro e sentir amor por esse meu corpo de mulher preta... porque preterimentos de todas as ordens presentificaram-se em minha vida... mágoas cristalizadas infectaram o ar das minhas emoções... as jaulas da insegurança encarcerou-me por muito tempo nas celas das migalhas de qualquer anunciação ilusória de carinho...

 

a liberdade do amor e do amar fez-me cultivar o meu amor interior como um ato político para a libertação do eu-nós... o amor pode sim, ser cura, como já nos orientou uma mais velha... o amor individual e coletivo, foi a trilha a qual decidi cruzar... amar cada pedacinho desse meu corpo negro é exercício cotidiano na frente do espelho...

 

a liberdade do amor e do amar faz-me massagear os fios dos meus cabelos crespos... acariciar com delicadeza nariz e lábios... admirar as minhas pernas, parte do meu corpo que sempre gostei... beijar os meus olhos na cegueira da luz solar... brincar no ar com os  meus pequeninos pés... auto examinar os meus seios... enlaçar o meu pescoço... dançar com as minhas mãos... mexer a minha bunda... contemplar a minha vagina... navegar no rio do meu sangue menstrual... cuidar do meu útero... amparar o meu cérebro... cozinhar para alimentar a minha matéria...

 

a liberdade do amor e do amar reside na convocação interna dos meus fantasmas compostos de monstrinhos verdes e dizer-lhes como uma bruxa akata: - volte! consiste em não negar os meus infernos, porém, com a alquimia de um juju banhá-los com águas de calmarias... resiste em inundar-me em gestos carinhosos por outros corpos pretos incoerentes como o meu...

 

a liberdade do amor e do amar é um ontem... é o hoje... é para todos os amanhãs... sinto ódios e raivas atlânticas... mas a liberdade do amor e do amar abraça-me em redemoinhos oceânicos amorosos...

 
luZgomeS/Violeta Serena
Salvador/Bahia, 27/12/2020
fOtO: Herberto Smith


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