a liberdade
do amor e do amar... fez-me olhar para dentro e sentir amor por esse meu corpo de
mulher preta... porque preterimentos de todas as ordens presentificaram-se em
minha vida... mágoas cristalizadas infectaram o ar das minhas emoções... as jaulas
da insegurança encarcerou-me por muito tempo nas celas das migalhas de qualquer
anunciação ilusória de carinho...
a liberdade
do amor e do amar fez-me cultivar o meu amor interior como um ato político para
a libertação do eu-nós... o amor pode sim, ser cura, como já nos orientou uma
mais velha... o amor individual e coletivo, foi a trilha a qual decidi cruzar...
amar cada pedacinho desse meu corpo negro é exercício cotidiano na frente do
espelho...
a liberdade
do amor e do amar faz-me massagear os fios dos meus cabelos crespos...
acariciar com delicadeza nariz e lábios... admirar as minhas pernas, parte do
meu corpo que sempre gostei... beijar os meus olhos na cegueira da luz solar...
brincar no ar com os meus pequeninos pés... auto examinar os meus seios... enlaçar
o meu pescoço... dançar com as minhas mãos... mexer a minha bunda... contemplar
a minha vagina... navegar no rio do meu sangue menstrual... cuidar do meu
útero... amparar o meu cérebro... cozinhar para alimentar a minha matéria...
a liberdade
do amor e do amar reside na convocação interna dos meus fantasmas compostos de
monstrinhos verdes e dizer-lhes como uma bruxa akata: - volte! consiste em não
negar os meus infernos, porém, com a alquimia de um juju banhá-los com águas de
calmarias... resiste em inundar-me em gestos carinhosos por outros corpos
pretos incoerentes como o meu...
a liberdade
do amor e do amar é um ontem... é o hoje... é para todos os amanhãs... sinto
ódios e raivas atlânticas... mas a liberdade do amor e do amar abraça-me em redemoinhos
oceânicos amorosos...
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