caminhos
fecham-se em deslocamentos com nuvens cinzas... o sol parece não poder
ultrapassar as vias estranhas nos tempos de trevas... enquanto o céu não se
abre ao ano novo ... um corpo dolorido na sarjeta da terra rasteja pelas esquinas
em busca de aconchego nos braços do invisível... tomada pelo cansaço dos sete
equívocos humanos a matéria física adormece na encruzilhada da desesperança...
inconsciente no flagelo do sono, o pedaço de carne humana descartado na rua do
desamparo revive a sua memória ancestral numa festa de terreiro... No xirê, ela avista Ogum pisando no Àiyé, com sua dança rasgando o asfalto e as linhas de ferro com sua espada tecnológica de consolo
amoroso... como pai que não abandona sua filha em períodos de janeiro, Ogum abraça e dança com aquele corpo rejeitado pelos vinte e um olhos do
descaso...nesse instante de contemplação do abraço de amparo a sonhadora tem certeza que Ogum comeu inhame assado com dendê e feijoada na estrada do Axé!...
luZgomeS/Violeta Serena
Buenos Aires/Argentina, 02
de janeiro de 2020
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